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sexta-feira, 13 de maio de 2011

O fim do caos? (João Soares Neto)



Em 2002, publiquei o livro “Sobre a Gênese e o Caos”. Nele, na parte primeira, a gênese, procuro, analiticamente, tentar explicar, se é que é possível, o que levou o Al-Qaeda, de Osama Bin Laden, a afrontar os Estados Unidos, no dia 11 de setembro de 2001, ocasionando quase 3.000 mortos. Na parte segunda, do caos, criei onze contos diversos, mas todos com foco na tragédia americana. Contos, vocês sabem, são estórias curtas, criadas, geralmente com poucos personagens, com começo, meio e um fim diferente do que se espera.

Em um deles, inventei o personagem Tárik, nascido em Jalabad, Afeganistão, cujo pai fora assassinado à época da ocupação soviética. Aos 14 anos, por conta de forte crise de vesícula, vai para Cabul, a capital do país. Depois de curado, fica à toa e vê multidões percorrendo ruas destroçadas. Era o mês do Ramadã, a época sagrada islâmica da revelação de Allah ao mensageiro de Deus, Muhammad. Tárik sobe em um caminhão repleto de gente.

Eram jovens recrutados pelo Al-Qaeda e ele foi de roldão. É detido por ser quase criança. É perdoado, fica no grupo, envolve-se em longo treinamento de guerrilha incluindo falar inglês de forma fluente, sotaque americano e missão terrorista. O final não vou contar. Existe a realidade fática, a ocupação, há anos, do Iraque e a morte, nesta semana, de Osama Bin Laden, no Paquistão. Rico fundamentalista islâmico, com vários ex-amigos americanos influentes, metamorfoseado em chefe de um grupo muçulmano a confrontar o ocidente, especialmente os Estados Unidos.

Antes e depois do 11 de setembro de 2001, outros atentados aconteceram, ao redor do mundo, quase todos atribuídos ao Al-Qaeda. Agora, neste começo de maio, Barack Obama, fala, com orgulho, da façanha de seus soldados “Seals”, matadores de Bin Laden.

Perplexos, perguntamos, a partir dessa morte, é se ele, nesses anos todos, formou sucessores para continuar essa senda vertiginosa de terror? Virará mito? Por outro lado, indagamos a razão dessas culturas, a ocidental e a islâmica, não procurarem um viés de paz ou respeito às diferenças em um mundo combalido por catástrofes da natureza e problemas econômicos contínuos.

Somos diferentes, temos costumes, valores e crenças dessemelhantes, mas é preciso se encontrar um condão de esperança a dar cabo ao sectarismo islâmico e à crescente intolerância ocidental. Ditaduras árabes estão sendo, pouco a pouco, despedaçadas pelo próprio povo a lutar e a morrer pelo livre-arbítrio, mesmo sem avaliar o futuro a vir. A liberdade, essa que temos, na maior das vezes não a sabemos usar em nossa própria defesa e na do próximo, mesmo não sendo ele o imaginado.

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