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quinta-feira, 28 de julho de 2011

Cantos do Outono (Silmar Bohrer)



Os ares embalsamados
pelas doçuras do outono,
tico-ticos dando o entono
de cantores inspirados.

Tarde lúgubre outonal
neste domingo cinzento,
dos pássaros só o lamento
lá no meio do cipoal.

Folhas da noite balançam
ao sabor dos ventos outonais
e as nuvens ligeiras avançam
rumo às auroras boreais.

Ouço vozes outonais
no alto da galharia,
são os ventos-rebeldia,
vaticínios hibernais.

Mádidas manhãs de maio,
céus azuis de brigadeiro,
sigo sendo aquele aio,
da natureza um escudeiro.

Bem-te-vis, sabiás, sanhaçus,
canta a cascata encantada,
tico-ticos peitos nus,
vozes e versos da estrada.

Outono com solzinho bom
nesta mágica natureza,
ares e nuvens dando o tom,
e o manto azul é realeza.

Os alegres canarinhos
vão fazendo a sua festa,
faz parte da sua gesta
de cantores animadinhos.

Chimarrãozinho, ao sol,
e também versejando...
Vivo a vida em si bemol,
o belo a contemplar, ando.

Caramanchão já sem folhas
neste outono em que vivemos,
a noite não tem escolhas,
então, estrelas, conversemos.

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