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terça-feira, 7 de agosto de 2012

Identidade: afirmação e negação em “A cachoeira das eras” (Aurivan Lima Aragão)[1]

RESUMO
Este artigo tem como objetivo analisar a noção de identidade presente no romance “A Cachoeira das Eras”, do escritor cearense Carlos Emílio Corrêa Lima, a partir da oposição entre Jari e Juripari (entre o “demônio das trevas” e o “deus da luz”, respectivamente). Para isso, defendemos que tal oposição representa uma tentativa da Coluna de Clara Sarabanda afirmar uma identidade universal entre as espécies e, mais especificamente, uma identidade nacional primitiva centrada no modo de vida indígena, e, ao mesmo tempo, negar outra identidade, aquela resultante do processo de colonização que se deu no Brasil com a chegada do homem branco.
PALAVRAS-CHAVE
Identidade. Afirmação. Negação.


INTRODUÇÃO
            Devido a nossa capacidade cognitiva sem igual entre as espécies do planeta, buscamos a cada momento compreender toda a totalidade que nos é manifestada. Tudo se torna objeto de reflexão, para que possamos saciar nossa sede por explicações e, assim, continuarmos o caminho do desenvolvimento. A busca por conhecer a gênese constitutiva do mundo e, especialmente, do próprio ser humano em relação com este e com ele mesmo é um desses anseios, e está materializada na diversidade de estudos antropológicos, etnológicos e, de uma forma geral, socioculturais. Em meio a essas perspectivas de investigações, surge-nos o conceito de identidade, como que advindo de cada um e, simultaneamente, de todos.
            Geralmente, percebemos a noção de identidade a partir de um dos seguintes aspectos: identificações, entre pessoas de diferentes regiões, localidades, que compartilham pensamento, vontade e desejos comuns; étnicos e culturais, quando pessoas são representadas pelos valores de determinada comunidade; e, sociais, usados para estratificar, para dizer o lugar de cada um na sociedade. Vista dessa forma, a identidade se torna plausível de um estudo sistemático, uma vez que podemos fixar parâmetros e categorias de análise que garantem um estudo homogêneo do objeto.
No entanto, o problema do estudo da identidade reside justamente em percebê-la como homogênea. Em todas as ocasiões, a identidade sempre foi encarada como algo estanque, pura, isenta de qualquer diversidade que pudesse prejudicar o trabalho de classificação. Alencar, por exemplo, sempre “defendeu” o brasileiro como integralmente europeu, mesmo que muitas vezes não tivesse consciência disso, excluindo toda a influência negra e indígena em nossa formação. Muitos de seus personagens índios não são mais do que caricaturas de nobres europeus. Outros consideravam o brasileiro como essencialmente indígena não levando em consideração o papel desempenhado pelo europeu e pelo negro, e de que a própria noção de Brasil se deve à chegada do homem branco. Com isso, procuravam tomar a questão por resolvida e perceber o brasileiro através de estereótipos preestabelecidos: todo brasileiro é preguiçoso (o índio é preguiçoso); todo brasileiro é loiro de olhos azuis (o europeu é loiro de olhos azuis); todo brasileiro é alegre (o negro é alegre) etc. Não atentando que o brasileiro é, simultaneamente, tudo isso, pela fusão e transformação dessas características conforme a herança genética e as influências do meio na formação do indivíduo.
Perceber a identidade de forma plena requer a consideração de suas características mais essenciais: dinamicidade e heterogeneidade – embora considerar tal ponto de vista leve a uma complicação do trabalho científico. A identidade é sempre fragmentada. Toda etnia, toda nação, todo povo não surge do nada. Há sempre a influência de outros que o precederam e, inevitavelmente, contribuíram para suas formações.  
A partir dessas considerações, pretendemos analisar a noção de identidade presente no romance “A Cachoeira das Eras”, do escritor cearense Carlos Emílio Corrêa Lima, e defender que a oposição entre Jari e Juripari representa uma visão homogênea, que reivindica uma identidade universal entre os seres vivos e, mais especificamente, uma identidade nacional primitiva centrada no modo de vida indígena e, ao mesmo tempo, recusa outra identidade, aquela resultante do processo colonizador que ocorreu no Brasil com a chegada do europeu.
Assim, discutimos inicialmente a noção de identidade defendida no livro, a partir da consideração de uma identidade universal entre as espécies e uma identidade nacional primitiva, simbolizadas na figura do deus Juripari; e, concomitantemente a esta última, abordarmos a recusa de outra identidade, aquela simbolizada pelo demônio Jari e materializada no processo de colonização exercido no Novo Mundo.

IDENTIDADE UNIVERSAL: a união entre as espécies
Podemos dizer, de uma maneira geral, que a viagem empreendida pela Coluna de Clara Sarabanda aos “sertões brasílicos”, tempo e espaço adentro, gira em torno da busca de reescrever a história antiga do Brasil, ou ainda, o passado mítico anterior ao descobrimento. Esse pressuposto é-nos compreendido como uma tentativa de criar uma identidade nacional brasileira a partir da afirmação do elemento indígena e da negação do processo colonizador europeu.
            No entanto, essa busca por afirmar uma identidade nacional vem pressuposta, de um modo geral, pela reivindicação de uma identidade universal, simbolizada pelo elo existente entre todos os seres do planeta, pelo resgate do “ego esfacelado de Atlântida”: “para que tudo voltasse àquela harmonia, os dois hemisférios em nova reunião, as vozes gerais de todas as espécies numa só linguagem e orquestração” (LIMA, p. 197).
            O verdadeiro significado de nossa origem está adormecido nos porões do passado e do presente, e precisa ser revelada para se fazer justiça e, novamente, realizar-se no interior de cada ser. Cada um é todos e todos são cada um: “Somos a cachoeira onde as épocas estrondam simultaneamente. Somos a cachoeira das vozes e cenas de todas as épocas. Somos a cachoeira das eras. Somos o ego de Atlântida se recompondo” (idem, p. 107).
            Essa existência una entre tudo que habita o planeta é garantida pela afirmação do deus Juripari: “[...] é belíssimo o que eles dizem, o grande Pã não morreu, vai nascer um outro Pã, é belíssimo, e esse Pã é Juripari que somos nós [...]” (idem, p. 52-53). Juripari é a própria Vida, a própria Natureza que se pretende libertar e colocar os homens e todas as espécies em relação de igualdade mútua, na direção de uma “nova semântica do universo” (idem, p. 107).
            Visto dessa forma, isso nos leva a pensar sobre o homem natural e no fato dos estudos darwinianos sobre a evolução das espécies, e as teorias e descobertas que, aos longos dos anos, vieram comprovar ainda mais aquelas primeiras observações, revelarem-nos que todos os seres vivos compartilham de um parentesco fisiológico e uma origem comum – isto é, descendem de um ancestral comum, ou ainda de pool de genes ancestral[2] –; que o ser humano em seus primórdios mantinha uma relação tão próxima com a Natureza que o mesmo foi classificado na ordem dos primatas (família dos hominídeos), na qual se incluem também os gorilas, chimpanzés, babuínos, orangotangos etc.
            Tal como o cristianismo, a ciência também apresentou o seu Adão, chama-se Lucy[3]. E, munida de evidências, apenas reafirma aquilo já pregado e defendido pela religião: que a origem humana se deu por um ser essencialmente natural, ingênuo e inconsciente.  Essa existência natural que nos primórdios gozava o homem, nada mais era que uma vida animalesca, de andanças para campos e paragens que possibilitassem a sobrevivência, tal como a migração das aves através dos hemisférios ou das manadas de gnus nas savanas africanas. Somente a partir do momento em que Adão e Eva comem da fruta do conhecimento ou que o homem primitivo (Lucy) começa a agir sobre a Natureza e tomar consciência de sua ação transformadora é que teremos um princípio de humanização.
            Embora etimologicamente a palavra “humano” venha de humus (terra) e do latim homo que significava “criatura que nasce na terra”, o homem só se constitui como definitivamente humano quando a Natureza deixa de ser parte integrante de seu “eu”, quando ele perde a capacidade, por exemplo, de prever os fenômenos naturais mais imediatos de uma forma livre, despreocupada e intuitiva.
            Com essa separação, temos a morte do homem natural, a morte de Juripari; e, consequentemente, o nascimento do homem civilizado, o nascimento de Jari: “Vivíamos antes da morte, numa simples espraiação de coisa nova e tudo era junto e tudo era um coro onde a gente se desmanchava e emergia da tona de tudo [...]” (idem, p. 12). Há o antes e o depois. O antes tomado como benéfico e o depois tomado como maligno. O antes é Juripari e o depois é Jari, “demônio universal que destruiu a natureza e tornou os homens e as espécies desiguais” (idem, p. 178).
            Dessa sensação de integridade entre o homem e a Natureza pouco resta hoje. Talvez em tribos remotas do Amazonas, ou nos bosquímanos da Namíbia. O fato é que o aborígine exerce esse sentimento de identificação com a Natureza de forma mais genuína que o homem civilizado. As tribos indígenas asseguram a sobrevivência de um elo com tudo quanto é vivo. E, é justamente nessa perspectiva que percebemos e iremos discutir em seguida a afirmação de uma identidade nacional primitiva, que tem o índio como elemento produtivo, em “A Cachoeira das Eras”.

IDENTIDADE NACIONAL: afirmação do modo de vida indígena e negação do processo de colonização
            Seis personagens integram a Coluna de Clara Sarabanda, a saber: Antônio Luís (caminhoneiro e distribuidor de “ervas estranhas da floresta”, “juntamente com seu macaco ajudante” (LIMA, p. 106)); João Jorge Ribamar (“Ele bebe os segredos e traz para a tona os ecos mais secretos dessa história” (idem, p. 31)); Eduardo Bravo (“o engenheiro do texto” (idem, p. 111)); Mário de Almeida (“Era, como nossos futuros narradores, ligado secretamente com animais e plantas” (idem, p. 32); Augusto Lopes (“[...] fora comunista. Ainda era” (idem, p. 33)); e, por fim, o “último companheiro de jornada”, Ludovico, “filho espúrio do célebre professor austríaco Ludwig Schweenhagen” e que “está ausente e é o mais vagabundo de todos” (idem, p. 33)).
            Juntos, formam a própria voz que se pretende libertar e a própria história que se pretende construir: “Nesse texto somos todos iguais, todos os homens, todos os seres, somos o mar calmo das espécies. Essa a música que os índios cantam-cantaram. Nela estamos renascendo” (LIMA, p. 104).
O resgate dessa música, dessa “voz geral que é um rio”, dos povos indígenas que por aqui estiveram-estão, é uma tarefa de todos os personagens e viajantes que embarcam nessa viagem. Só assim podemos entender o fato de todos terem voz na narrativa. A falta de um narrador predeterminado, absoluto, que apresenta a “verdade” ao leitor, dá lugar à participação de todos na construção da história, e, consequentemente, a expressão de pontos de vista diversos sobre a matéria narrativa. Embora sempre haja uma corroboração para o reconhecimento e a valorização do projeto da Coluna. Como no depoimento do secretário de planejamento do governo ao “senhor prefeito” (idem, p. 50) sobre a multidão que passeia pelas ruas da cidade ao som de “uma banda de músicos de loucos”, e que é identificada pelo próprio secretário como sendo a Coluna de Clara Sarabanda: “Essa música é a libertação para essa gente. Descobrem o que não deviam descobrir, senhor.” (idem, p. 51); “Essa música, esse ritmo, essas tochas, essas máscaras fantasmagóricas dentro da noite, esse barulho ensurdecedor no amanhecer, tudo me leva, está me levando, meus pés já dançam, não posso evitar [...]” (idem, p. 55); “[...] adeuses aos demônios, a grande luta apenas começou... porque digo isso não sei mas digo e sei que nesse fluxo sou eterno, somos eternos” (idem, p. 55). O discurso do secretário e a própria pessoa do secretário, o qual aparece na narrativa como representante do homem civilizado, da sociedade, do governo, enfim, de Jari, é subvertido em prol da ascensão do grande Pã, “e esse Pã é Juripari” (idem, p. 52).
            A adesão ao deus Juripari acontece de forma mais espontânea com o secretário porque o consideramos, não um colonizador, papel este incumbido ao prefeito talvez, mas um colonizado com privilégios de colonizador. Nessa situação, temos um nativo que foi ao longo do processo de colonização levado a compartilhar os mesmos costumes, crenças e valores do dominador para que pudesse garantir o sucesso da empresa, e “realizar umas das ambições de todo colonizado antes de passar a revolta” (MEMMI, 2007, p. 19) que é se identificar como colonizador.
            A revolta do secretário está justamente na adesão aos princípios da Coluna e no próprio reconhecer-se nela:
Não há mais fronteiras, estamos imersos numa descida sem fim aos infernos da redenção e é nas matas que vamos caminhar, vamos descobrir o coração secreto dessas dunas, seu canto antigo eterno, o coração antigo dessas matas, planícies, penedos, rios e montanhas, as cidades perdidas nos sertões, todos os pássaros e bichos e bichos-homem, todos nós somos um coro e estamos juntos para que a decisão possa ocorrer entre os demônios. Lutamos contra o demônio Jari, nosso nome é tribo e somos todos, até vocês. E dizemos em turba forte: Juripari! (LIMA, p. 55).
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            Interessante notar a menção feita à “tribo” e ao “até vocês”. Para este último, é como se a Coluna, tomando a voz do secretário, falasse para o leitor que ele também faz parte desse coro geral e, reconhecendo a formação do brasileiro como resultante de uma miscigenação entre índio, negro e branco – pois estamos situados na pós-colonização – buscasse libertar o pouco que ainda resta do primeiro em nosso sangue. Por isso, temos “tribo”: o desejo de afirmar uma identidade nacional primitiva está na reivindicação do índio como elemento significativo por meio daquilo que melhor representa o modo de vida indígena, a tribo.
            A tribo materializa os anseios de uma identidade nacional primitiva, do homem natural pela sua relação de integridade com a Natureza, onde “a vida era uma tranqüila fruição da existência, num mundo dadivoso e numa sociedade solidária” (RIBEIRO, 1995, p. 47). Pois, nacional, aqui, implica em uma negação do homem civilizado e do processo de colonização que se deu no Brasil responsável (além do rompimento entre o homem e a Natureza) pela destruição dessa identidade:  
Perdera praticamente a memória da linguagem de sua nação, linguagem que fora sendo elaborada durante séculos e séculos com a ajuda do murmurejar dos rios, do estalar dos galhos, do farfalhar das folhagens, com o estrépito dos peixes pela água, com o ruflar das asas e o canto dos pássaros e os ecos animais do fundo das noites mais antigas e dos cipós e do gosto da polpa dos frutos sumarentos ou azedos e da sensação dos corpos nas viagens pela mata (LIMA, 1979, p. 171).
            Jari sintetiza tudo aquilo que não é natural, mas construído pela mão do homem para agir contra a Natureza e buscar o desenvolvimento da civilização: “[...] eu sou o que todos são, o demônio das cidades, o demônio milenar que vos dirigiu na construção das cidades, que destruiu os antigos e serenos elos, que rompeu toda a memória” (idem, p. 176 – destaque nosso).
            A floresta e aqueles (Coluna) que estão do lado da Natureza são seus inimigos e precisam ser impedidos, pois o progresso precisa continuar sua caminhada. É tanto assim, que em um dos capítulos da trama narrativa (tomamos as subdivisões do livro como capítulos), o homem civilizado toma a voz do texto para relatar o quanto é difícil penetrar na floresta, como se ela tivesse “vida própria” para agir contra todas as ferramentas do progresso: “A floresta subleva-se. É como se a selva quisesse comer todas as nossas máquinas, engoli-las todas! E os nosso trabalhadores têm medo da selva e a denominam de animal geral dos ventos e das águas” (idem, p. 173 – destaque nosso).
            As mesmas oposições são levantadas: civilização e “tribo”, progresso e “voz geral”, modernidade e “animal geral”, enfim, Jari e Juripari; em que Jari é o próprio local escolhida para servir de base ao homem civilizado: “[...] já não chegam as levas de trabalhadores que necessitamos porque espalha-se a lenda de que em Jari todos são tratados como soldados e escravos e não têm direito de sair sem minha autorização pessoal” (idem, p. 174 – destaque nosso).
            A voz narrativa do referido capítulo atua contra si mesma ao dar oportunidade para que enunciadores falem no seu texto e, tal como fez o secretário do governo ao relatar para o senhor prefeito a partida da Coluna aos interiores do Brasil, mistura-se com a própria Coluna, passando, pouco a pouco, a reconhecer-se nela e dar vazão ao seu “eu” adormecido:
[...] agora sei que se utilizam do poder secreto de todas as espécies, agora sei que lutamos contra um inimigo cambiante e universal […] e tristemente percebo que só pela existência desse nosso inimigo distante e potente e que clama em viva voz todos os seus propósitos pelos prazer, pela voz, até por mim que ele em mim se incorpora como um sussurro de florestas distantes […] ele é a fonte inesgotável de uma liberdade […] (LIMA, 1979, p. 175)
            São nesses momentos que o demônio Jari perde sua força e é, progressivamente, aniquilado. A luta de Jari é pela própria sobrevivência na mente daqueles que colonizou; em contrapartida, Juripari luta pelo resgate da memória perdida com o tempo, mas aguardada no inconsciente, no sangue, na alma de cada um:
As florestas voltam a crescer e a envolver a civilização […] e se reconhece sobre a Terra como um mundo que não aflige outros mundos e a multidão é um mar de amor e vento que vem em nossa direção […] Os exércitos convergem ao som da força da mesma voz geral que a cada um identifica como único e com isso compõe-se a orquestração desses fanáticos que retornam sobre a Terra, que gritam do fundo da matéria e sua voz rompe gradativamente a represa e gritam vida, e gritam vida […] porque a linguagem das tribos retornou a tudo renovando e recriando e que vem clamando em voz de cachoeira que é Juripari! (LIMA, 1979, p. 176-177).
            A Natureza se sobrepõe à civilização, “tribo” é o grito de guerra, o grito de vida, o grito de um mundo harmonioso, onde todos reconhecem cada um e cada um é valorizado por ser importante para a própria sobrevivência de Juripari. A existência é única, homogênea, um elo baseado no simples viver, em que o progresso que gera desigualdades não tem espaço, pois a solidariedade é mais forte e contribui para a manutenção dessa identidade nacional.
CONSIDERAÇÃO FINAIS
            Em cada página do romance “A Cachoeira das Eras”, de Carlos E. C. Lima, deparamo-nos com uma luta incessante entre o “demônio das trevas”, Jari, e o “deus da luz”, Juripari. Tudo contribui para a negação de um e afirmação do outro. O primeiro é a ação destruidora do homem sobre a Natureza. O segundo é o elo entre homem e a Natureza. Este pretende resgatar o elo que aquele rompeu. Para isso, nega o homem civilizado e a própria identidade resultante do processo de civilização – afastando-se de uma perspectiva heterogênea – para afirmar uma identidade nacional primitiva em que a vida está na existência una e harmoniosa – visão homogênea – do índio enquanto ser solidário que compartilha um mundo onde o “mais belo era dar que receber” (RIBEIRO, 1995, p. 42).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 BERNO, Zilá. Literatura e Identidade Nacional. Porto Alegre: Ed. da Universidade/UFRGS, 1992.
CAMINHA, Pero Vaz de. Carta do achamento do Brasil. 5. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1998.
LIMA, Carlos Emílio C. A Cachoeira das Eras: a Coluna de Clara Sarabanda. São Paulo: Moderna, 1979.
MEMI, Albert. Retrato do Colonizado. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. 2. ed. São Paulo: Cia. das Letras, 1995.



[1]             Estudante da disciplina “Literatura e Identidade”, ministrada pelo professor Léo Mackellene, do Curso de Especialização em Língua Portuguesa e Literatura da UVA. Fev. de 2 mil e 12.



[2]                      WIKIPÉDIA


[3]             Lucy é um fóssil de Austrolopithecus afarensis de 3,2 milhões de anos, descoberto em 1974 pelo professor Donald Johanson e pelo estudante Tom Gray em Hadar, no deserto de Afar, na Etiópia. Recentemente, um novo fóssil de Ardipithecus ramidus, que viveu há 4,4 milhões de anos, veio levantar a polêmica sobre o esqueleto de hominídeo mais antigo. (WIKIPÉDIA).
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