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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

O som que rola (Carlos Nóbrega)











O ruído metálico de uma porta de enrolar
abrindo-se na vendinha:
é tão manhã.
É tão rigorosamente manhã
na alma grossa do velho bodegueiro
o subir estrepitoso desta placa ondulada ...

Mercadorias humildes amanhecem nubladas
e o primeiro freguês, que não compra nada,
sai com o seu bigode de antigamente
ouvindo da gaiola pendurada
o canto desesperançado de uma avezinha
a se debater no impossível voo ...

Ai a grande poesia desamparada das lojas falidas!

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