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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

De meu sol nado ao vário ocaso nosso – III (Nilto Maciel)



                                                             (Fernando Poessoa)

 
Ontem completei 68 anos. Recebi dezenas de felicitações, escritas e orais. Entretanto, não comemoro mais o dia dos meus anos. Fico triste (não choro mais) e mudo de assunto. “No tempo em que festejavam o dia dos meus anos, / Eu era feliz e ninguém estava morto”.

Dediquei todos esses dias a revisar Gregotins de desaprendiz. Como tenho suado! Em meio a isso, li “Giacomo Joyce” (tradução de Roberto Schmitt-Prym) e fiz anotações para uma notícia. Quem sou eu para comentar Joyce?

          Também me debrucei sobre um conto imaginado (sonhado) semana passada. Dei-o por concluído, sob o título “O terceiro dedo”. Estou com receio de publicá-lo. Pois se parece muito com artigo, devaneio político, tese com cara de profecia, entre disfarce e sentido oculto.

De ontem para hoje, recebi diversas mensagens relativas ao artigo “Lirismos e rapapés nas tardes do mundo”, estampado na Internet, no dia do meu aniversário. A mais comovente veio de Carlos Nóbrega: “Mesmo que não falasse de mim, mas porque está nela a própria e toda a poesia, essa é a melhor crônica que li em minha vida. Puta merda, é muita sorte a minha! Inacreditável, Nilto!”

Pronunciaram-se também Alberto Bresciani, Badida Campos, Marco Aqueiva, Maria Gomes, Paulo Lima, Silvana Guimarães e Valdemar Neto. No final da tarde de hoje recebi um artigo de Luciano Gutembergue Bonfim: análise de Menos vivi do que vivi palavras. Uma beleza de brincadeira!

De madrugada, havia sonhado com um escritor escocês ou inglês (assim eu o imaginei, ao acordar), autor de um conto enigmático. Pulei da cama e corri à sala. Queria anotar informações ainda palpáveis, para não ver tudo sumir nas brumas da memória. Só então descobri a nacionalidade italiana de Luigi Luder (esse o nome do ficcionista de meu devaneio), o título de sua narrativa (“1521 d.C.”), composta de 15.210 vocábulos (substantivos, verbos, adjetivos), no original italiano/alemão. Fiz anotações sobre Dante Alighieri, Martinho Lutero, Papa Leão X e outros personagens daquele tempo. São mais de dez páginas de apontamentos. Não sei se resultará num conto.

(31/janeiro)
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